Comunidade

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sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

A TEOLOGIA DOS TALENTOS (MORDOMIA CRISTÃ)

Porque isto é também como um homem que, partindo para fora da terra, chamou os seus servos, e entregou-lhes os seus bens, e a um deu cinco talentos, e a outro, dois, e a outro, um, a cada um segundo a sua capacidade, e ausentou-se logo para longe. E, tendo ele partido, o que recebera cinco talentos negociou com eles e granjeou outros cinco talentos. Da mesma sorte, o que recebera dois granjeou também outros dois. Mas o que recebera um foi, e cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor. E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles. Então, aproximou-se o que recebera cinco talentos e trouxe-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, entregaste-me cinco talentos; eis aqui outros cinco talentos que ganhei com eles. E o seu senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. E, chegando também o que tinha recebido dois talentos, disse: Senhor, entregaste-me dois talentos; eis que com eles ganhei outros dois talentos. Disse-lhe o seu senhor: Bem está, bom e fiel servo. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor. Mas, chegando também o que recebera um talento disse: Senhor, eu conhecia-te, que és um homem duro, que ceifas onde não semeaste e ajuntas onde não espalhaste; e, atemorizado, escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu. Respondendo, porém, o seu senhor, disse-lhe: Mau e negligente servo; sabes que ceifo onde não semeei e ajunto onde não espalhei; devias, então, ter dado o meu dinheiro aos banqueiros, e, quando eu viesse, receberia o que é meu com os juros. Tirai-lhe, pois, o talento e dai-o ao que tem os dez talentos. Porque a qualquer que tiver será dado, e terá em abundância; mas ao que não tiver, até o que tem ser-lhe-á tirado. Lançai, pois, o servo inútil nas trevas exteriores; ali, haverá pranto e ranger de dentes” (Mateus 25:14-30).

INTRODUÇÃO

A parábola dos talentos (Mt 25.14-29) foi a última proferida por Jesus cuja mensagem principal trata do nosso trabalho com diligência, constância e fidelidade com os talentos que Deus nos tem dado. No mesmo capítulo (Mt 25), Jesus falou da parábola das dez virgens, destacando a lição principal da vigilância espiritual ante o retorno do Senhor. No estudo desta lição abordaremos o assunto dos talentos sob a perspectiva da administração do nosso trabalho recebido da parte de Deus. Somos mordomos na aplicação dos nossos talentos na propagação do reino de Deus.

A CONCESSÃO DOS TALENTOS (vv.14,15)

1. O dono dos talentos (v.14). A parábola fala de “ um homem” rico, possuidor de muitos bens (talentos), o qual ao sair para fora de sua terra convocou seus “servos” (trabalhadores) e deu-lhes a oportunidade de trabalharem com os “ bens” a eles distribuídos. A lição da parábola indica que Jesus Cristo é aquele senhor, o qual nos tem dado talentos para trabalharmos para Ele. Ele é o homem que “ ausentou-se da sua terra” por um pouco de tempo, para quando voltar, receber o fruto dos talentos entregues a seus servos (Jo 13.13; At 10.36). Jesus, depois de ascensão viajou para longe: “ Subindo ao alto....deu dons aos homens” (Ef 4.8). Ao retornar para o céu, Jesus deixou sua igreja equipada, concedendo seus bens para serem negociados. Ele disse, certa feita: “ Assim como o Pai me enviou, eu vos envio a vós” (Jo 20.21).

2. A mensagem dos talentos (v.15). Um “ talento” era uma medida de peso com valor monetário. Nas medidas de peso dos tempos bíblicos, um talento equivalia a 60 “ minas” e uma “mina” tinha o peso de “ 60 siclos” . Essa medida de peso podia ser de ouro, prata, bronze ou latão, por isso, o valor podia ser diferenciado. Um “talento” pesava aproximadamente “ 30 quilos”. A palavra dinheiro no versículo 18, no original é prata. O valor monetário de um talento era muito alto. Uma pessoa que possuísse, pelo menos, um talento, era respeitado como bem de vida. Aquele senhor entregou os seus talentos a três dos seus servos para que negociassem com os mesmos. Na linguagem figurada, esses talentos representam os dons, dotes e habilidades que Deus nos dá para com eles trabalharmos. Notemos que esse “ talentos” pertencem ao Senhor, e Ele os concede conforme a capacidade individual de seus servos.

3. O dono dos talentos (v.15). A Escritura diz que aquele senhor “ a um deu”; “ e a outro deu” talentos, indicando que os mesmos pertenciam à aquele homem rico. A Bíblia diz que tudo vem de Cristo, pois tudo foi criado por Ele, por meio Dele e para Ele (Cl 1.16; 1 Co 8.6; Rm 11.3-6). De nós mesmos nada temos, nem podemos fazer (Jo 15.5). Dele nos vem tudo para que o sirvamos segundo a sua vontade, não a nossa. Os servos não foram escolhidos porque já tivessem algum talento.

4. A distribuição dos talentos (v.15). A distribuição foi proporcional à capacidade de cada um daqueles servos para negociar. A um “deu cinco talentos”, a outro “dois talentos” e, ao terceiro, “um talento”. Quando Deus criou os seres humanos, os criou com diferentes aptidões e capacidades. Pelo menos, um talento todo crente possui. O que Deus espera de todos nós é que, mediante seus talentos, sejamos fieis e úteis ao seu reino.

A ADMINISTRAÇÃO DOS TALENTOS (vv.16-18)

1. Os servos receberam seus talentos. Cada um deles trabalharia e administraria os bens conforme a sua capacidade pessoal. Aquele senhor deixou aqueles talentos em suas mãos para serem cuidados e utilizados. Cada qual negociaria da melhor forma possível com aquilo que recebeu para trabalhar. Cada qual deveria preocupar-se apenas com o seu trabalho e procurar fazê-lo bem. Não pode haver espaço para invejas, ciúmes, porfias entre os servos de Cristo; coisas típicas de pessoas carnais (Gl 5.19-21).

2. Dois daqueles servos administraram bem seus talentos (vv.16,17). Diz a parábola que o servo que recebeu cinco e o que recebeu dois talentos negociaram bem e duplicaram seus talentos. Foram diligentes e fiéis. Os que trabalham na obra de Deus, na igreja, devem fazer o melhor que puderem, para multiplicarem seus talentos. Aqueles dois primeiros servos tiveram êxito em seu trabalho. Sem dúvida, quando fazemos a obra de Deus com amor e desvelo, a graça de Deus torna-se uma fonte de poder inesgotável na provisão de todas as nossas necessidades (Fp 4.13).

3. O terceiro servo não cumpriu sua missão (vv.18,19). Diz a parábola que ele recebeu justamente tanto quanto podia fazer e negociar, mas pelo contrário, ele preferiu não fazer nada com o talento recebido. O texto diz que ele “cavou na terra, e escondeu o dinheiro do seu senhor” (v.19). Encheu-se de justiça própria, pois ao cavar na terra e esconder o dinheiro queria insinuar injustiça da parte de seu senhor. Aquele dinheiro escondido significa prejuízo e desperdício. Quantos crentes, inclusive obreiros recebem bens da parte do Senhor Jesus e, ao invés de negociarem e trabalharem com afinco para multiplicar esses bens, tornam-se inativos na obra de Deus. A cobrança virá a seu tempo, na prestação de contas quando o Senhor vier.

AS GRANDES LIÇÕES DA PARÁBOLA

As grandes lições da parábola dos talentos tem a ver com o caráter dos servos.

1. A fidelidade. Tudo o que aquele senhor esperava de seus servos era que fossem fiéis no cumprimento de suas atividades até que quando ele voltasse. Ele requer dos seus servos um serviço fiel (Lc 16.10; 1 Co 4.2).

2. Inteligência (Mt 25.16,17). Aqueles dois primeiros servos fiéis usaram da inteligência para negociarem com os talentos recebidos. É preciso que os servos de Deus usem de inteligência espiritual para que não haja prejuízo nos negócios que temos que fazer (Cl 1.9). Os bens de seu senhor deveriam ser multiplicados através de uma mordomia fiel, dinâmica e eficiente (Pv 10.4; 13.4). Na obra de Deus, nada deve ser feito só por emoção.

3. Diligência. O que é diligência? No serviço, é cuidado, zelo, dedicação, dinamismo, atenção, esmero e amor. Os servos que receberam “e cinco e dois talentos” trabalharam com cuidado e com aplicação até poderem multiplicar os bens de seu senhor. A mordomia cristã repudia a ociosidade. A Bíblia diz que “a alma do preguiçoso deseja e coisa nenhuma alcança; mas a alma dos diligentes engorda” (Pv 13.4).

A MORDOMIA REQUER PRESTAÇÃO DE CONTAS ( Mt 25.19)

1. A volta do Senhor para reaver seus talentos. “E, muito tempo depois, veio o senhor daqueles servos e ajustou contas com eles” (v.19). O senhor daqueles servos veio quando eles não o esperavam. Assim será na vinda de Cristo. Ele virá quando ninguém o espera ( Mt 24.44; 25.13). Por isso, não devemos nos descuidar da nossa mordomia, nas tarefas que o Senhor nos entregou para administrar.

2. O ajuste de contas (Mt 25.19). Os servos sabiam disso, é evidente. Cada servo tinha o seu ajuste de contas, por isso, entendemos que essa prestação de contas é individual, na presença do Senhor. A Bíblia testifica: “Cada um de nós dará contas de si mesmo a Deus”(Rm 14.12). No ajuste de contas, quanto ao seu serviço, suas obras, os servos de Cristo comparecerão diante do Tribunal de Cristo após o arrebatamento da igreja ( 2 Co 5.10). Todos os crentes salvos hão de comparecer diante desse tribunal onde suas obras serão julgadas e recompensadas. Trata-se do que fizeram (ou não fizeram) para o Senhor enquanto viveram na terra (Rm 14.10; Cl 3.24; Ef 6.8; 1 Co 3.14). Quanto aos infiéis, os injustos, eles comparecerão perante o Senhor para julgamento, somente no Juízo Final (Mt 25.24,25).

Cuidemos de, na força do Senhor, fazermos o melhor para Deus, e Ele nos recompensará com justiça e com alegria.

Estudo ministrado pelo Prof. Antônio de Pádua
em 18 de janeiro de 2010, no culto de posse da nova diretoria da Igreja Evangélica Congregacional Família Viva

Salgado de São Félix, Paraíba