Comunidade

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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

SOBRE O LIVRE EXAME DAS ESCRITURAS


Por Ninho Jensen

Uma das características das igrejas evangélicas é o Livre Exame das Sagradas Escrituras. Essa doutrina protestante é mal compreendida pelos católicos romanos e até mesmo por muitos protestantes, que pensam se tratar de uma interpretação da Bíblia totalmente sem critérios, gerando as mais diversas conclusões e doutrinas opostas umas às outras. Mas este não é o sentido original de tal ensinamento. Livre Exame não significa que qualquer pessoa pode ler as Escrituras e tirar qualquer tipo de conclusão a respeito de quaisquer textos sem o uso de critérios necessários para uma real conclusão do que está escrito. 

“O protestantismo formulou desde o começo um sistema de interpretação muito mais sólido, poderoso e consistente que o aplicado até então pela igreja cristã no seu conjunto. Este sistema recebe diferentes nomes, como filológico, histórico-gramatical ou literal (não confundir com literalista). Além de aceitar os pressupostos teológicos sobre a inspiração divina e a consequente autoridade suprema da Bíblia, o sistema protestante emprega todas as ferramentas linguísticas e históricas à sua disposição para a tarefa de compreender o que quis realmente dizer o autor original, ou seja, determinar o correcto significado do texto em estudo, e a sua relação com o resto da Escritura.

É tão evidente a potência e a validade do método evangélico de interpretação que tal método foi adoptado generalizadamente pelos exegetas católicos. Consulte-se qualquer comentário bíblico católico moderno e se notará de imediato que virtualmente todos os intérpretes romanistas expõem hoje as Escrituras segundo o modelo formulado pela erudição protestante, prestando-lhe assim involuntário tributo” (NJ*: A badalada Bíblia de Jesusalém, em suas excelentes notas de rodapé, é um exemplo disto).

Com este princípio, fundamental na hermenêutica bíblica, estabelecia-se a base do livre exame, do direito [e dever, acrescentaria] de todos os fiéis a ler e interpretar a Bíblia por si mesmos. Evidentemente, nunca pensaram os reformadores... que o livre exame fosse sinónimo de exame arbitrário... (NJ*: É esta má compreensão, este abuso do Livre Exame que tem sido a causa principal do surgimento de tantas seitas peseudocristãs, cujos líderes e fundadores fazem uma interpretação arbitrária de textos, para que os mesmos pareçam coniventes com suas doutrinas peculiáres esdrúxulas, exigindo que o grupo religioso não façam uso do livre exame, deixando tal tarefa exclusivamente para eles).

A liberdade refere-se à ausência de imposições eclesiásticas, não à faculdade absurda de interpretar a Escritura como ao leitor lhe agrade ou convenha. O livre exame, quando se exerce com seriedade, implica um juízo responsável sujeito aos princípios de uma hermenêutica sã. Observar estes princípios é o único modo legítimo de determinar o significado de qualquer passagem da Bíblia. E quanto mais obscuro ou ambíguo seja um texto mais deverá extremar-se o rigor hermenêutico com que se trate. Não há outro caminho.

A responsabilidade individual da interpretação da Escritura não significa repúdio das conclusões exegéticas e das formulações doutrinais elaboradas na Igreja cristã no decorrer do tempo... (NJ*: É o que pensam erroneamente os católicos romanos sobre nós, achando que não tributamos nenhum valor à tradição, à patrística e que dispensamos qualquer ajuda na compreensão das Escrituras.. E é onde também tropeçam a seitas que repudiam os três grandes primeiros credos da Igreja e o cristianismo histórico).

Reconhecer que a Bíblia deve estar sempre acima de toda a interpretação humana não nos obriga a desprezar a ajuda que para a sua compreensão podemos encontrar nos escritos dos padres da Igreja, dos reformadores e dos incontáveis teólogos e expositores que ... fizeram da Bíblia objecto de estudo sério".



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Por: Ninho Jesen ( * ) Membro da Igreja Evangélica Congregacional Família Viva.Texto “Sola Scriptura e Livre Interpretação”
http://conhecereis-a-verdade.blogspot.com.br/2010/08/sola-scriptura-e-livre-interpretacao.html