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quarta-feira, 6 de novembro de 2013

CULTO COMEMORATIVO DA REFORMA PROTESTANTE - 31/10/2013


INTRODUÇÃO

Assim como a fé bíblica é profundamente histórica, porque é fundamentada em atos redentores realizados no tempo e no espaço, a fé reformada valoriza extraordinariamente a história da igreja. No seu sentido mais amplo, “protestantismo” denomina todo o movimento dentro do cristianismo que se originou na reforma do século XVI e que mais tarde centrou-se nas principais tradições da igreja reformada.

O termo deriva-se do “protesto” entregue por uma minoria de autoridades luteranas e reformadas na Dieta Imperial Alemã em Speyer em 1529, numa dissidência causada por uma ordem imposta que proibia a renovação religiosa.  O “protesto” era, ao mesmo tempo, uma objeção, um apelo e uma afirmação. Perguntava em tons urgentes: “Qual é a igreja verdadeira e santa?”; e asseverou: “Não há nenhuma pregação ou doutrina segura senão aquela que permanece fiel à Palavra de Deus. Segundo mandamento divino, nenhuma outra doutrina deve ser pregada. Todo texto das santas e divinas Escrituras deve ser elucidado e explicado por outros textos. Esse Livro Santo é necessário, em todas as coisas, para o cristão; brilha claramente na sua própria luz e é vista iluminando as trevas. Estando resolutos, pela graça de Deus e com a Sua ajuda, a permanecermos exclusivamente na Palavra de Deus, no santo evangelho contido nos livros bíblicos do Antigo e do Novo Testamento. Somente essa Palavra deve ser pregada, e nada que seja contrário a ela. É a única verdade. É o juiz certo de toda doutrina e conduta cristã. Não pode nos enganar nem lograr”.

Desse modo, os luteranos e outros defensores da reforma passaram a ser conhecidos como protestantes. “Essencialmente, o protestantismo é um apelo a Deus em Cristo, às Sagradas Escrituras e à Igreja Primitiva, contra toda a degeneração e apostasia”. 


PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS

Os princípios fundamentais do protestantismo do século XVI eram os seguintes: sola scriptura, solus christus, sola gratia, sola fides, soli Deo gloria, a igreja como o povo que crê em Deus e o sacerdócio universal dos fieis. Vejamos resumida e separadamente cada um desses princípios da Reforma Protestante:



1. SOLA SCRIPTURA

Só a Escritura é a regra inerrante da vida da igreja, mas a igreja evangélica atual fez separação entre a Escritura e sua função oficial.

Em tese, Sola Scriptura, significa reafirmar a Escritura como única fonte de revelação divina escrita, única para constranger a consciência. A Bíblia sozinha ensina tudo àquilo que é suficiente e necessário para nossa salvação do pecado, e é o padrão pelo qual todo comportamento cristão deve ser avaliado.

Esse princípio nega qualquer credo, concílio ou indivíduo possa constranger a consciência de um crente, que o Espírito Santo fale independentemente de, ou contrariando, o que está exposto na Bíblia, ou que a experiência pessoal possa ser veículo de revelação.

No Sola Scriptura, acredita-se na liberdade da Escritura para dominar como a Palavra de Deus na igreja, desembaraçada do magisterium (magistrados) e tradição papais e eclesiásticos. A Escritura é a única fonte da revelação cristã. Embora a tradição possa ajudar a sua interpretação, seu significado verdadeiro (i.e., espiritual) é seu sentido natural (i.e., literal), e não um significado alegórico.



2. SOLO CHRISTUS

À medida que a fé evangélica se secularizou, seus interesses se confundiram com os da cultura. O resultado é uma perda de valores absolutos, um individualismo permissivo, a substituição da santidade pela integridade, do arrependimento pela recuperação, da verdade pela intuição, da fé pelo sentimento, da providência pelo acaso e da esperança duradoura pela gratificação imediata. Cristo e sua cruz se deslocaram do centro de nossa visão.

Em tese, Solus Christus é reafirmar que nossa salvação é realizada unicamente pela obra mediatória do Cristo histórico. Sua vida sem pecado e sua expiação por si só são suficientes para nossa justificação e reconciliação com o Pai.

Esse princípio nega que o Evangelho esteja sendo pregado se a obra substitutiva de Cristo não estiver sendo declarada e a fé em Cristo e sua obra não estiver sendo invocada.



3. SOLA GRATIA

A Confiança desmerecida na capacidade humana é um produto da natureza humana decaída. Esta falsa confiança enche hoje o mundo evangélico – desde o evangelho da auto-estima até o evangelho da saúde e da prosperidade, desde aqueles que já transformaram o evangelho num produto vendável e os pecadores em consumidores e aqueles que tratam a fé cristã como verdadeira simplesmente porque funciona. Isso faz calar a doutrina da justificação, a despeito dos compromissos oficiais de nossas igrejas.

A graça de Deus em Cristo não só é necessária como é a única causa eficaz da salvação. Confessamos que os seres humanos nascem espiritualmente mortos e nem mesmo são capazes de cooperar com a graça regeneradora.

Em tese, Sola Gratia é reafirmar que na salvação somos resgatados da ira de Deus unicamente pela sua graça. A obra sobrenatural do Espírito Santo é que nos leva a Cristo, soltando-nos de nossa servidão ao pecado e erguendo-nos da morte espiritual à vida espiritual.

Esse princípio nega que a salvação seja em qualquer sentido obra humana. Os métodos, técnicas ou estratégias humanas por si só não podem realizar essa transformação. A fé não é produzida pela nossa natureza não-regenerada.

A redenção como dom gratuito de Deus, realizada pela morte e ressurreição salvíficas de Cristo. Essa verdade foi articulada principalmente em termos paulinos, tais como a justificação somente pela fé, como consta na Confissão de Augsburgo: “Não podemos obter o perdão do pecado e a justiça diante de Deus pelos nossos próprios méritos, obras ou penitências, mas recebemos o perdão do pecado e nos tornamos justos diante de Deus pela graça, por causa de Cristo, mediante a fé, quando cremos que Cristo sofreu por nós e que por Sua causa o nosso pecado é perdoado e recebemos a justiça e a vida eterna”. A certeza da salvação, portanto, é uma marca distintiva da fé protestante, fundamentada na promessa do evangelho e desvinculada de qualquer busca de mérito.



4. SOLA FIDE

A justificação é somente pela graça, somente por intermédio da fé, somente por causa de Cristo. Este é o artigo pelo qual a igreja se sustenta ou cai. É um artigo muitas vezes ignorado, distorcido, ou por vezes até negado por líderes, estudiosos e pastores que professam ser evangélicos. Embora a natureza humana decaída sempre tenha recuado de professar sua necessidade da justiça imputada de Cristo, a modernidade alimenta as chamas desse descontentamento com o Evangelho bíblico. Já permitimos que esse descontentamento dite a natureza de nosso ministério e o conteúdo de nossa pregação.

Em tese, Sola Fide é reafirmar que a justificação é somente pela graça somente por intermédio da fé somente por causa de Cristo. Na justificação a retidão de Cristo nos é imputada como o único meio possível de satisfazer a perfeita justiça de Deus.

Esse princípio nega que a justificação se baseie em qualquer mérito que em nós possa ser achado, ou com base numa infusão da justiça de Cristo em nós; ou que uma instituição que reivindique ser igreja mas negue ou condene sola fide possa ser reconhecida como igreja legítima.



4. SOLI DEO GLORIA

Deus não existe para satisfazer as ambições humanas, os desejos, os apetites de consumo, ou nossos interesses espirituais particulares. Precisamos nos focalizar em Deus em nossa adoração, e não em satisfazer nossas próprias necessidades. Deus é soberano no culto, não nós. Nossa preocupação precisa estar no reino de Deus, não em nossos próprios impérios, popularidade ou êxito.

Em tese, Soli Deo Gloria é reafirmar que, como a salvação é de Deus e realizada por Deus, ela é para a glória de Deus e devemos glorificá-lo sempre. Devemos viver nossa vida inteira perante a face de Deus, sob a autoridade de Deus, e para sua glória somente.

Esse princípio nega que possamos apropriadamente glorificar a Deus se nosso culto for confundido com entretenimento, se negligenciarmos ou a Lei ou o Evangelho em nossa pregação, ou se permitirmos que o afeiçoamento próprio, a auto-estima e a auto-realização se tornem opções alternativas ao evangelho.

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ELWELL, Walter A. Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã. [Tradução Gordon Chown]. São Paulo: Edições Vida Nova, reimpressão em 1993. Volumes 3 (pp. 194-195).Os Cinco Solas da Reforma - Sola Scriptura, Sola Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria, por Declaração de Cambridge. In: http://www.monergismo.com.
MATOS, Alderi Souza de. Aspectos Essenciais Da Identidade Reformada. In: http://www.monergismo.org




























LIÇÃO 10 – DISCIPULADO – PALAVRÃO É CORRETO? O QUE DIZ A BÍBLIA? (Cl 3.1-11)


INTRODUÇÃO

Os palavrões existem em todas as culturas, em todos os tempos, por serem as palavras que melhor conseguem exprimir emoções de raiva, ofensa ou (por que não) humor. Eles são controlados pelo "porão" do cérebro - o sistema límbico, responsável pela nossa parte mais primitiva (por isso que os palavrões sempre se referem à base da existência: sexo e excrementos), e influenciam desde sempre no nosso relacionamento social. Eles mudam de tempos em tempos, dependendo da polêmica da época.

E hoje, mais do que em toda a história do homem, é comum as pessoas terem um vocabulário muito torpe (indecente) e bastante deteriorado e degradado, não importando sua profissão, ocupação, grau de escolaridade, estado social ou cultural, condição econômica, idade ou sexo, inclusive, religião. 

Infelizmente, tenho visto atualmente alguns crentes fazendo uso de palavrões com muita normalidade e até defendendo o seu uso. Até mesmo na Internet os usam sem qualquer receio. Parece-me que esse traço da cultura tem sido aceito como algo normal na vida do servo de Deus. Mas será que agem corretamente, professando ser crentes, e soltando palavrões sem problema?

A forma de vida do povo de Deus, sem engano, se distingue de maneira clara dos demais humanos, por serem santos em todos os aspectos da vida, principalmente em sua forma de falar.


1. PALAVRÕES: CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Antes de qualquer coisa, vejamos conceito de linguagem: “é a forma com que ser humano se relaciona, pela comunicação, com os de sua espécie, no exercício de suas faculdades mentais, expressando-se pelo pensamento ou por emoções. A linguagem pode ser expressa de modo verbal ou não verbal (daí temos varias formas de expressão, sinais (signos) e convenções que levam o homem a se comunicar)”.[1]

O site DIGnow, publicou a seguinte definição: “Palavrão são palavras obscenas,nojentas,geralmente relacionado aos órgãos genitais dos humanos. Usar palavrões pode ser um ato de aliviar tensão, raiva, nervosismo, pode ser usado para ofender alguma pessoa ou para dar nomes em objetos que você não gosta ou não sabe o nome”.[2]

O presbítero Solano Portela, escreveu: “Palavrões e linguagem chula sempre existiram na história da humanidade. Estão enraizados na natureza humana pecaminosa. Sempre houve uma forma apropriada e uma forma vulgar de se referir a tudo, especialmente a partes do corpo”.[3]

A teóloga e filosofa presbiteriana, Norma Braga, escreveu em seu blog: “Percebi que todos os palavrões, dos menores aos maiores, têm algo em comum: remetem invariavelmente ao sexo. São menções aos genitais, a coitos indesejados e/ou ilícitos, prostitutas e filhos de prostitutas, materiais fecais etc. A lógica do palavrão é estranha: ele une o ato de esbravejar e xingar aos dejetos do corpo ou ao ato sexual”.[4] 


2. PALAVRÕES – DEFINIÇÕES BÍBLICOS TEOLÓGICOS

Na linguagem atual dos humanos existem palavras ou frases, que a Bíblia define como:

a) Palavras torpes (Ef 4.29) – no original grego, o termo traduzido por torpe é sapros. Esse termo representa o que é decadente, imoral, prejudicial, danoso, vergonhoso, indecente, nojento, repugnante. Palavras torpes são aquelas capazes de provocar mal-estar aos outros, fazer com que as pessoas se sintam desconfortáveis e ansiosas por deixar o local, ferir a auto-estima alheia, ofender, humilhar, desanimar etc.

b) parvoíces (Ef 5.4 ARC): em algumas versões, em vez de parvoíces consta palavras vãs ou conversas tolas. Significa tolice, cretinice, estupidez, asneira, besteira.

c) chocarrices (Ef 5.4) – chocarrice, segundo os dicionários, inclusive o bíblico, significa gracejo atrevido ou petulante, grosseiro; gozação; caçoada; piada com conteúdo pesado; palavra que choca.

Este tipo de vocabulário tem um propósito bem definido: lastimar ou humilhar as pessoas a quem se fala, pois vai de encontro aos princípios divinos. Uma pessoa que vive no temor do Eterno sempre buscará agradar com suas palavras tanto a quem lhe escuta como ao Senhor, Cl 3.17; Ef 4.31.

A linguagem exterioriza nossa visão do mundo, como percebemos esse mundo a nossa volta. Para isso, precisamos estar em constante aprendizado, buscando fontes de informação (Jornais, revistas, internet, documentários, etc) para que nossa palavra seja sempre temperada. Cl 4. 6
a) A linguagem revela nosso pensamento, Lm 3.61-62.
b) A linguagem expõe o que existe em nosso coração, Mt 12.34; Mt 15.18-19.
c) A linguagem pode ser fonte vida ou a morte para quem a recebe. Ef 4.29.

O Senhor Jesus Cristo expressou o seguinte: “Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus”, Mt 7.16-17. 

Um vocabulário de baixo calão revela se a pessoa é verdadeiramente cristã ou não. O Senhor, sobre esse mesmo assunto declara: “O homem bom, do bom tesouro do seu coração tira o bem, e o homem mau, do mau tesouro do seu coração tira o mal, porque da abundância do seu coração fala a boca”, Lc 6.45. 

É assim como entendemos que a forma de falar de um crente é “determinante”, não somente frente aos olhos das pessoas, mas perante nosso Senhor, pelo que é de vital importância saber até onde é saudável expressar certas palavras ou frases, e ainda, se é preferível deixar de pronuncia-las.


3. A LINGUAGEM QUE DEVE CARACTERIZAR O FILHO DE DEUS – SÃ E IRREPREENSÍVEL.

A "linguagem sã e irrepreensível" tem a propriedade de desarmar os mal-intencionados, mudando situações, inicialmente desfavoráveis ou desconfortáveis para nós. Por ela ganhamos simpatia ou não, granjeamos amigos ou inimigos; abrimos caminhos ou fechamos portas. Nossa renovação, à luz do Evangelho, se refletirá em todas as expressões do cotidiano, particularmente na linguagem, espelho fiel do pensamento humano. 

Para que tenhamos boas palavras, é necessário termos bons pensamentos; e para termos bons pensamentos, é indispensável termos a mente ligada ao Pai, voltada à leitura diária, á oração e a assuntos de caráter evangélico.
a) Uma linguagem que envergonha o diabo, Tt 2.8;
b) Uma linguagem que edifica, Ef 4.29. 
c) Uma linguagem que é pura (sem obscenidade), Cl 3.8
d) Uma Linguagem que valoriza a nossa fé que confessamos, Tg 1.26
e) Uma Linguagem que inspira respeito, Ef 5.4.

A pureza e a santidade requeridas na Bíblia para os cristãos abrangem não somente seus atos como também seus pensamentos e suas palavras. Além disso, existem dois termos que o cristão deve evitar:

a) Simular "palavrões" - Inventar sinônimos para os palavrões é algo odioso, afinal, demonstra que o crente está desejando se parecer com o mundo. Ele quer proferir um enorme xingamento, mas se contenta em dizer, "que porta!". Tal atitude é lamentável e precisa ser urgentemente corrigida. Sejamos prudentes em nossas palavras, Lc 16.45.

b) Palavras ou frases com duplo sentido, que se utilizam de maneira que os demais não as entendam, ou utiliza-las com quem as entendem; esse vocabulário se conhece como gíria.

Importante: No juízo final o homem será julgado por suas palavras frívolas[5], Mt 12.36-37.


Para Concluir:

Quando Isaías chegou diante de Deus, havia perdido a visão profética e absorvido a linguagem do povo. Porém, Deus não se comunicava com ele. Por quê? Porque Deus só mantém a comunicação com aqueles que sustentam a sua linguagem (Isaías estava com lábios impuros). Foi necessária a purificação dos seus lábios, Is 6.5-7.

Para que a nossa linguagem, seja um fator que glorifique a Deus, precisamos rever nossos valores, testemunho e vida, Fp 4.8; Cl 3.1.


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[1] VIGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes Editora. 7ª edição, 2007. P. 79. 
[2] PALAVRÃO. Disponível in: Acesso: 06/09/2013 
[3] PORTELA, Solano. Palavrão – só pra garantir esse refrão. Disponível in: . Acesso em 06/09/2013 
[4] BRAGA, Norma. Reflexões óbvias sobre os Palavrões. Disponível in: . Acesso: 05/06/2013. 
[5] RYLE, J. C. meditações no Evangelho de Mateus. São José dos Campos: Editora Fiel. reimpressão, 2011. P. 90.