Comunidade

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quinta-feira, 19 de setembro de 2013

LIÇÃO 05 - DISCIPULADO - SANTIDADE - UMA VISÃO DE DEUS – I Pe 1.13-15


INTRODUÇÃO

A busca por uma vida de acordo com o padrão bíblico de santidade, ao que parece, é uma luta atemporal. Uma luta eterna que só se findará no dia da gloriosa vinda do Senhor. Os tempos podem ter mudado; a igreja e as pessoas também, contudo a exigência divina acerca da conduta da vida dos cristãos ainda é a mesma que foi feita aos israelitas na ocasião da peregrinação rumo à terra prometida: “Consagrem-se e sejam santos, porque eu sou santo” (Lv 20.7).

Jesus, no sermão do monte, elevou essa exigência ao declarar: “Sejam perfeitos como perfeito é o Pai celeste de vocês” (Mt 5.48). Para mostrar a relevância desse padrão bíblico de santidade John Stott escreveu: “O chamado que Cristo nos faz é novo, não apenas porque é uma ordem para sermos ‘perfeitos’, mais do que ‘santos’, mas também por causa da descrição que faz do Deus que devemos imitar”.[1]

Ao que parece maior dificuldade que impede o homem de alcançar tal meta, a saber, uma vida de santidade, não é o mundo que jaz em pecado, mas o pecado residente no próprio homem, e dessa forma ele encontra toda sorte de obstáculos em sua busca por uma vida santa, Rm 7.17-20.


1. SANTIDADE – CONCEITOS EQUIVOCADOS

a) Moralismo
Notadamente, alguns cristãos se destacam por sua postura moral, seu comportamento ético, honestidade, firmeza de caráter e palavras. Espera-se exatamente isso de cada cristão. No entanto uma pessoa não precisa ser necessariamente cristã para ter essas qualidades, Mt.19.16-22.

b) Ativismo religioso
Geralmente se confunde santidade com ativismo religioso. Tendemos a qualificar as pessoas como santificadas na medida em que elas assumem cargos ou se envolvem nas mais diversas atividades do templo. Servir a Deus é resultado de um coração voluntário e uma vida consagrada. Ativismo religioso não pode ser sinônimo de vitalidade espiritual e em muitos casos é sintoma de que alguma coisa não está bem, Lc 10.38-42.

c) Experiências Espirituais
Outra prática que se percebe em nossos dias é igualar a santificação com experiências espirituais. O relacionamento com Deus é marcado por experiências individuais. Entretanto ninguém pode ser rotulado como mais ou menos santo pela qualidade e tipos de experiências. Um exemplo disto é à igreja de Corinto.


2. OS ASPECTOS BÍBLICOS DA SANTIDADE

a) No Antigo Testamento - A Palavra hebraica usada para se referir ao que é santo é “qadosh”, cujo significado básico é “separar dentre outras coisas”. Na Bíblia encontramos o povo de Deus consagrando de tudo: pessoas (Ex 22. 31); vestes sacerdotais (Ex 29. 29); campos (Lv 27. 21); ofertas (Dt 12. 26); dinheiro e utensílios (Js 6. 19); animais (2 Cr 29. 33); o dia (Ne 8. 9); lugares (Jr 31. 40). Isso mostra que devemos consagrar todas as coisas a Deus em um ato de fé e de busca da vontade Dele. A palavra também se refere a uma separação de cunho moral e ético que distinguiria o povo de Israel dos demais, Lv 11.44-45.

b) No Novo Testamento - No Novo Testamento a palavra é “hagios”. Essa palavra é usada para descrever a santificação dos crentes em dois sentidos: O primeiro é a separação da prática do pecado deste mundo; O segundo é a consagração ao serviço de Deus.

Hoekema conceituou: “Santificação é a operação graciosa do Espírito Santo, que envolve a nossa participação responsável, por meio da qual, como pecadores justificados, ele nos liberta da corrupção do pecado, renova toda a nossa natureza segundo a imagem de Deus e nos habilita a viver uma vida que é agradável a ele”.[2]


3. O AUTOR E OS MEIOS DE SANTIFICAÇÃO[3]

A santificação é efetuada pela operação imediata do Espírito Santo na vida dos crentes. É feita por diversos meios, que o Espírito Santo emprega.

a) A Palavra de Deus - A Escritura apresenta todas as condições objetivas para exercícios e atos santos. Ela é útil para estimular a atividade espiritual apresentando motivos e incentivos, e nos dá direção para essa atividade por meio de proibições, exortações e exemplos, Jo 17.17; 1 Pe 1.22; 2.2.

b) Os Sacramentos - Simbolizam e selam para nós as mesmas verdades que são expressas verbalmente na Palavra de Deus, e podem ser considerados como uma palavra em ação, contendo uma viva representação da verdade, que o Espírito Santo torna ocasião para santos exercícios.
- Batismo, Rm 6.1-9; 1 Co 12.13; 1 Pe 3.21.
- Santa Ceia, Mt 26.26-28; I Co 11.23-26.

c) Direção Providencial - As providências de Deus, quer favoráveis quer adversas, muitas vezes são poderosos meios de santificação. Em conexão com a operação do Espírito Santo mediante a Palavra, elas agem em nossos afetos naturais. Devemos ter em mente que a luz da revelação de Deus é necessária para a interpretação das Suas orientações providenciais, Jr 10.23; Pv 20.24; Sl 25.12-14.


4. OS TRÊS TEMPOS DA SANTIFICAÇÃO

Stott pregou: “Há três perspectivas: passado, presente e futuro. Todas apontam na mesma direção: há o propósito eterno de Deus, pelo qual fomos predestinados; há o propósito histórico de Deus, pelo qual estamos sendo transformados pelo Espírito Santo; e há o propósito final ou escatológico de Deus, pelo qual seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é. Estes três propósitos — o eterno, o histórico e o escatológico — se unem e apontam para um mesmo objetivo: a conformação do homem à imagem de Cristo”.[4]

a) Santificação Passada (propósito eterno) significa que o crente já foi posicionalmente separado em Cristo, Rm 8.29-30. Esta santificação é uma realidade eterna e está baseada numa nova posição espiritual que o Cristão tem em Jesus Cristo. Os crentes de Corinto não estavam sem pecado, e apesar disso foram chamados de santos e foi escrito que foram santificados (1 Co. 1.2, 30).

b) Santificação Presente (propósito histórico) indica o processo pelo qual o Espírito Santo gradualmente muda a vida do crente para dar vitória sobre o pecado. Esta é a santificação prática. Este processo atual de santificação nunca acaba nesta vida (1 Jo 1.8-10). O Cristão precisa resistir ao pecado até ser levado deste mundo através da morte ou na volta de Cristo.

c) Santificação Futura (propósito escatológico) é a perfeição que o crente vai desfrutar na ressurreição (1 Ts 5:23). Na vinda de Cristo, cada crente receberá um corpo novo que estará sem pecado. O Cristão não terá mais de resistir ao pecado ou de crescer para a perfeição. Sua santificação estará completa. Ele estará inteira e eternamente separado do pecado e para Deus.


Para Concluir:

O desafio da vida cristã leva-nos a desejar sermos santos na presença de Deus. Nesta busca, precisamos disciplinar-nos numa constante comunhão com Deus através de uma prática devocional. Deus nos chamou para a santificação (I Ts 4.7) deu-nos a ordem de santificar-nos (I Pe 1.15).

a) A leitura da Bíblia e a meditação em seu ensino, Sl 119.9-16.
b) A oração é indispensável ao crescimento espiritual e à santificação, Sl 139.23-24.
c) A adoração a Deus, no culto público, é indispensável, Hb 10.19-25
d) A autodisciplina ou o domínio de si mesmo é algo indispensável na busca da santidade, I Co 11.31-32.
e) O companheirismo cristão é outro elemento muito forte, Hb 12.14-15.



[1]STOTT, John. A Mensagem do Sermão do Monte. São Paulo: ABU-Editora. 2008, p. 123.
[2] HOKEMA, A. Salvos pela graça: a doutrina bíblica da santificação. São Paulo: Cultura Cristã. 2002, p. 189
[3] BERKHOF, Loius. Teologia Sistemática. Campinas, SP: Editora Luz Para o caminho. 1990, p. 539
[4] STOTT, John. O Paradigma: Tornando-nos mais Semelhantes a Cristo. Sermão pregado na Convenção de Keswick em 17/07/2007. Tradução: F. R. Castelo Branco. Outubro 2007.

CELEBRAÇÃO DO CULTO DE SANTA CEIA - 15/09/2013


QUEM LEVOU JESUS À CRUZ?
Referência: Isaías 53.1-12

A morte de Cristo não foi determinada por fatores circunstanciais
• Cristo não foi morto porque os sacerdotes o prenderam, porque o sinédrio o sentenciou, porque Pilatos o entregou, porque os judeus o acusaram, porque Judas o traiu, porque Pedro o negou, porque os soldados o pregaram na cruz. 

• Quem levou Jesus à cruz, então?

a) Os nossos pecados levaram Jesus à cruz 
• V. 5 – “ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades”.
• V. 8b – “por causa da transgressão do meu povo, foi ele ferido”.
• V. 12 – “levou sobre si o pecado de muitos”.
• V. 4 – “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si”.
• O que matou Jesus não foram os açoites, nem os soldados, nem o suplício da cruz, fomos nós, os nossos pecados. Ele morreu pelos nossos pecados. Ele foi moído pelos nossos pecados. Na cruz ele sorveu o cálice da ira de Deus sobre o pecado.
• Na cruz ele foi feito pecado por nós. A espada da lei caiu sobre ele, pois era o nosso substituto.

b) O Pai o levou à cruz
• V. 6 – “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de todos nós”.
• V. 10 – “Todavia, ao Senhor agradou moê-lo, fazendo-o enfermar”
• V. 4b – “e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido”.
• Jesus não foi à cruz porque a multidão sanguissedenta gritou: crucifica-o, crucifica-o. Ele não foi a cruz porque os sacerdotes o entregaram, por inveja; Judas o traiu, por ganância; Pilatos o sentenciou por covardia e os soldados opregaram na cruz por crueldade. Ele foi cruz porque o Pai o entregou por amor.

c) Jesus voluntariamente foi à cruz
• V. 4 – “Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si”.
• V. 10 – “quando der ele a sua alma como oferta pelo pecado”.
• V. 11 – “O seu servo, o Justo, com o seu conhecimento, justificará a muitos, porque as iniquidades deles levará sobre si”.
• O apóstolo Paulo diz que o amor de Cristo nos constrange. Ele nos amou e a si mesmo se entregou por nós.