Comunidade

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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

CULTO DE CELEBRAÇÃO DE SANTA CEIA - 17/11/2013















LIÇÃO 11 – DISCIPULADO – IGREJA: CORPO DE CRISTO (Ef 4.7-16)


INTRODUÇÃO

As profecias pessimistas dos mestres da suspeita – Marx, Freud e Nietzsche – estavam erradas: apesar dos duros golpes que sofreu durante a modernidade, Deus não morreu, a religião não desapareceu do mapa e nem tampouco a igreja fechou em definitivo as suas portas. Muito pelo contrário. A religião hoje está de volta e com força total. E, alimentadas por este retorno do sagrado, as igrejas estão multiplicando-se por toda parte, experimentando um crescimento como há muito não se via. Contudo, esse crescimento, vem acompanhados de uma série de escândalos provocados pelo poderio apostólico de igrejas neopentecostais, a profissionalização do ministério pastoral, a pregação do evangelho divorciada da Bíblia e a propagação da teologia da prosperidade tem gerado um novo movimento chama de “Desigrejados”.

O que são desigrejados? - “São aqueles que, além de não mais frequentarem a igreja, tomaram esta bandeira e passaram a defender abertamente o fracasso total da igreja organizada, a necessidade de um cristianismo sem igreja e a necessidade de sairmos da igreja para podermos encontrar Deus. Estas idéias vêm sendo veiculadas através de livros, palestras e da mídia. Viraram um movimento que cresce a cada dia. São os desigrejados”.[1]

Porém, duas verdades precisam ser enfatizadas:

1. Essas pessoas querem se livrar da igreja para poderem ser cristãos do jeito que entendem, acreditarem no que quiserem – sendo livres pensadores sem conclusões ou convicções definidas – fazerem o que quiserem, para poderem experimentar de tudo na vida sem receio de penalizações e correções.

2. Cristianismo sem igreja é uma outra religião, a religião individualista dos livre-pensadores, eternamente em dúvida, incapazes de levar cativos seus pensamentos à obediência de Cristo.

Vejamos então, a luz das Escrituras o que é uma Igreja, conforme os padrões estabelecidos por Deus.


1. IGREJA: SIGNIFICADOS E TERMOS

A palavra igreja vem da palavra grega “Ecclesia”, que é definida como “uma assembleia”. No Novo Testamento essa palavra é empregada para designar uma comunidade cristã. É uma comunidade que tem Cristo como o seu Rei e Cabeça, a quem Cristo salvou, em quem ele habita, a quem e por meio de quem revela a vontade de Deus. A Igreja é o corpo de Cristo, Rm 12.4-5; Ef 5.30.

a) Igreja Invisível (Universal) – em sentido geral, a Igreja é constituída de todos os eleitos: dos que já foram, dos que estão sendo e dos que serão salvos no futuro, segundo o plano de Deus. Neste sentido, Igreja é o corpo de Cristo. É a igreja invisível, Ef 1.22-23; I Co 12.12-14.

b) Igreja visível (Igreja local) – São as denominações variadas. A Igreja visível é composta de eleitos e não eleitos. É uma assembleia mista, como Agostinho e os reformadores enfatizaram. Enquanto que a Igreja Invisivel é formada só pelos eleitos, a Igreja visível é constituída de: incrédulos e crentes, bodes e cordeiros que habitam juntos nesse campo até a hora da colheita, Mt 3.12; Mt 13-24-30.

Michael Horton escreveu: “A forma externa da igreja não e sempre vista de modo claro, mas sempre existe uma igreja, visível e invisível, no meio do mundo. Enquanto a igreja visível é disponível aos nosso sentidos, a invisível só é conhecida por Deus. Não sabemos quem é eleito e quem não é, por essa razão devemos exercitar o amor aos professos, exortar, aplicar disciplina e até mesmo a excomunhão”. [2]

Umas das realidades que mais prejudica a Igreja Visivel são os falsos crentes (I Co 5.9-13; II Co 11.26; Rm 16.17; II Ts 3.6) e falsos profetas (Mt 7.15-16; At 20.29-30).


2. IGREJA – CARACTERISTICAS E MARCAS[3]

Visto que o mundo se acha semeado de instituições distintas chamadas igrejas é importante sermos capazes de discernir as marcas essenciais de uma verdadeira e legítima igreja visível. Nenhuma igreja está isenta de erros ou pecados. A igreja só será perfeita no céu. Há, porém, uma importante diferença entre corrupção - que afeta todas as instituições - e apostasia. Portanto, para proteger o bem-estar e crescimento do povo de Deus, é importante definir as marcas da verdadeira igreja.

Historicamente, as marcas da verdadeira igreja têm sido definidas assim:[4]

a) Fundação - Quando não havia ainda nem templos e nem denominações Jesus instituiu a sua igreja sobre a declaração de Pedro, que ele era “o Cristo, o Filho do Deus vivo”, Mt 16.15-19.

b) A pregação da Palavra de Deus - Embora as igrejas difiram em detalhes teológicos e em níveis de pureza doutrinária, a verdadeira igreja afirma tudo àquilo que é essencial à vida cristã, II Tm 4.1-5.

c) A administração dos sacramentos – (1) Batismo: Jesus determinou que fizessem discípulos em todo o mundo, e que os batizassem e ensinassem a eles tudo o que ele havia mandado, Mt 28.19-20; At 2.40-41. (2) Santa Ceia: Jesus também mandou que seus discípulos se reunissem regularmente para comer o pão e beber o vinho em memória dele (Lc 22.14-20). Os apóstolos reuniam-se regularmente para celebrar a Ceia (At 2.42; 20.7; 1Co 10.16). E estabeleceram as normas para a participação nela, 1Co 11.23-34.

d) A disciplina eclesiástica - Jesus estabeleceu o que chamamos de disciplina bíblica, quando ensinou aos seus discípulos de que maneira deveriam proceder no caso de um irmão que caiu em pecado, Mt 18.15-20, I Co 5.6-7; II Ts 3.6,14.

e) Liderança - As igrejas eram se organizadas e estruturados, tendo presbíteros, diáconos, mestres e guias, uma ordem de viúvas e ainda presbitérios, Ef 4.11-14; At 14.23; 1Tm 5.17.

Toda igreja verdadeira exibe as genuínas marcas de uma igreja, em grau maior ou menor. A reforma da igreja é uma tarefa interminável. Buscamos mais ser fiéis à vocação bíblica para pregar, ministrar os sacramentos e a disciplina eclesiástica.


3. IGREJA – A IMPORTANCIA DA FREQUENCIA

Os cristãos desobedecem a Deus e se empobrecem ao se recusarem a unir-se a outros crentes, quando há uma congregação local à qual podem pertencer, Hb 10.23-25.

Este texto é uma grande ordem para a maioria dos pregadores e mesmo assim simples o bastante para os recém-convertidos entenderam. E uma exortação dupla.

a) É uma ordem de Deus - Não é só um mero conselho. Não é algo optativo; é tão obrigatório quanto qualquer um dos mandamentos feitos por Ele. Não é simplesmente o desejo do pastor; é uma ordem de Deus a qual não se pode menosprezar. Pigarrear, gaguejar e dar desculpas é responder a Deus, Sl 122.1.

b) É uma maneira de nos encorajarmos mutuamente - De todas as pessoas, as que mais precisam de ajuda e encorajamento, são aquelas que amam sua igreja e querem vê-la prosperar em sua obra para Cristo. A igreja é uma fábrica para Cristo, e todos os membros precisam estar em seus postos. A igreja é uma escola de instrução religiosa e todos os seus membros devem ser alunos fiéis.

A Bíblia nos diz que precisamos ir à igreja para que possamos adorar a Deus com outros crentes e ser instruídos em Sua Palavra para nosso crescimento espiritual (At 2.42). A igreja é o lugar onde os crentes podem amar uns aos outros (I Jo 4.12), exortar uns aos outros (Hb 3.13), “estimular” uns aos outros (Hb 10.24), servir uns aos outros (Gl 5.13), instruir uns aos outros (Rm 15.14), honrar uns aos outros (Rm 12.10) e ser bondosos e misericordiosos uns com os outros (Ef 4.32). [5]


Para Concluir

Tomé perdeu muito por não se ter reunido certa ocasião com os seus irmãos. A experiência de Tomé demonstrou que, quando a igreja se reúne, o Senhor manifesta-se ao crente duma forma como não se manifesta quando este está isolado. Tomé perdeu muito por se ter ausentado (João 20:19-27).

1. Perdeu a comunhão do Senhor Jesus: “Neles habitarei, e entre eles andarei” (2 Cor. 6:16). 
2. Perdeu a bênção do Mestre: "Paz seja convosco" (v. 21). 
3. Perdeu a alegria que aconteceu -- "os discípulos se alegraram, vendo o Senhor" (v. 20). 
4. Perdeu uma comissão para servir: "como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós" (v. 21). 
5. Perdeu a confirmação do poder prometido: " Recebei o Espírito Santo” (v. 22). 
6. Perdeu a certeza de que Cristo ressuscitara dos mortos! Ele perdeu a fé. Ficou conhecido como “Tomé o incrédulo” (v. 27). 
7. Perdeu a bênção do Ressuscitado - Crentes mortiços em testemunhas vivas e ousadas. 

A semelhança de Tomé, todos nós perdemos quando não nos reunimos com a igreja! 



[1] NICODEMUS, Augustus. Os Desigrejados. Disponível in:
[2] HORTON, Michael S. Creio – Redescobrindo o Alicerce Espiritual. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2000, p. 172.
[3] SPROUL, R. C. 3º Caderno Verdades Essenciais da Fé Cristã. 2ª  impressão.  São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2001, pag. 9-10.
[4] CALVINO, João. Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1977. Livro IV, Cap. I, Seção 9, p. 34.
[5] MACARTHUR, John Jr. Ministério Pastoral. Rio de Janeiro, CPAD, 4ª ed. 2004, p. 289-291.