PARTE I
Muitos
unicistas dizem que nós trinitarianos negamos o nome de jesus por causa do
nosso batismo. Será esta uma acusação justa? Nós trinitarianos nos reunimos em nome
de Jesus, oramos em nome de Jesus, invocamos, pronunciamos e bendizemos o nome
de Jesus em nossos hinos, na nossa adoração e em nossa vida pública... e apenas
por causa da nossa fórmula batismal podemos ser acusados de negar o nome de
Jesus? Não faz sentido. Negar o nome de Jesus seria rejeitá-lo, seria negar a
pessoa de Cristo. Na nossa fórmula batismal se diz “em nome do Filho” que
outro não é senão Jesus. Paulo disse que Deus se importa é com a confissão
sincera da nossa boca quando a mesma expressa a intenção do coração. E não com
uma fórmula que sobre nós é pronunciada: “Se com a tua boca confessares ao
Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos,
serás salvo.” Rm 10.9. E todos nós trinitarianos nunca deixamos de confessar
ao Senhor Jesus com a nossa boca e com sinceridade de coração.
Analisemos
as palavras escritas por Mateus, já que muitos costumam distorcê-las, dizendo
que nome está no singular e que por isso refere-se somente a uma pessoa. No
grego, o emprego de artigos definidos antes de cada um dos substantivos - Pai,
Filho e Espírito Santo - aponta para pessoas distintas. O fato de o termo
“nome” não estar no plural não significa que esteja se referindo a uma só
pessoa. Na Bíblia, o termo nome no singular pode referir-se a mais de uma
pessoa: “...façamo-nos um nome, para que não sejamos espalhados sobre a face
de toda a terra” Gn 11.14. Note que o povo disse façamo-nos um nome.
O termo “nome”, mesmo no singular, refere-se a várias pessoas. Também em Gn 5.2
diz: “Macho e fêmea os criou; e os abençoou, e chamou o seu nome Adão, no
dia em que foram criados.” O nome Adão como referência a duas pessoas. Do
mesmo modo em Nm 6.27 diz: “Assim porão o meu nome sobre os filhos de
Israel...” Também temos também o termo “nome” no singular referindo-se a
Abraão e Isaque: “e seja chamado neles o meu nome, e o nome de meus pais
Abraão e Isaque.” Gn 48.16. E também uma contrução idêntica a de Mt 28.19,
lá no Antigo Testamento: “E era o nome deste homem Elimeleque, e o de sua
mulher Noemi, e os de seus dois filhos Malom e Quiliom.” Rute 1.2 Ou seja,
a palavra nome no singular é usada de maneira distribuitiva. E também um nome
pode ser dado para mais de uma pessoa.
Fazer
distinção entre nomes e títulos das pessoas mencionadas na Bíblia é
ANACRONISMO, pois na Bíblia é tudo a mesma coisa. Os nomes das pessoas na
Bíblia são também seus títulos e vice-versa. As Escrituras não dão suporte para
essa distinção. Vejamos primeiramente o que diz Ex 34.14: “...pois o nome do
SENHOR é Zeloso.” Se fosse pela lógica branhamita, “Zeloso” não seria um
nome, e sim um título de Deus. Isso prova de cara que não existem títulos para
Deus, e sim NOMES. Em Gn 29.32, Rúben (nome próprio) quer dizer “um filho”, e
filho não é nome, e sim, título, segundo os modalistas. Jesus (nome próprio)
quer dizer “salvador” o que também é um título. Em Ex 3.13-14, Moisés pede a
Deus um nome para dizer ao povo quando lhe perguntassem o nome do seu Deus.
Nesse momento, Deus lhe deu a seguinte ordem: “Assim dirás aos filhos de
Israel: EU SOU me enviou a vós.” Percebemos que EU SOU, parece mais um
título do que um nome. Isso porque, na linguagem bíblica, título pode ser nome.
Ou será que Deus enganou Moisés, dando-lhe um título quando ele lhe pediu um
nome? Notemos também que a Bíblia ao citar alguns títulos os chama de nomes. Lc
6.13: “e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos.” Apóstolo
é um título, mas a Bíblia diz que é nome. Ap 19.16: “E no manto e na sua
coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores.” Aqui
vemos dois títulos sendo tratados como sendo um só nome. Também lemos em Marcos
5.9: “E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? E lhe respondeu, dizendo: Legião é
o meu nome, porque somos muitos.” Concluímos assim que podemos considerar
os termos Pai, Filho e Espírito Santo como sendo também nomes.
Unicistas
apelam para At 2.28; 8.16; 10.48; 19.5 para defenderem a tese de que o batismo
deve ser efetuado apenas em nome de Jesus. Mas qual dessas passagens nos revela
a verdadeira fórmula? Pois a primeira diz “em nome de Jesus Cristo”, a segunda
diz “em nome do Senhor Jesus”, a terceira diz “em nome do Senhor” e a quarta
diz “em nome do Senhor Jesus”. Se fosse uma fórmula não haveria variação, pois
a fórmula é padronizada. Nos tempos de Jesus, a frase “em nome de”
freqüentemente significava “fazer na autoridade de”, como vemos em Atos 4.7: ...em
nome de quem fizestes isso?”. Claro que o sentido aí é “na autoridade”. Os
versículos que dizem que os apóstolos batizavam em nome de Jesus informam apenas
que eles batizavam na autoridade de Jesus. E o mesmo também se aplica a Mt
28.19, o que coloca por terra a ideia de que ali Jesus pediu um nome. Alguns
perguntam: onde está escrito na Bíblia alguém dizendo: eu te batizo em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo? A isso também perguntamos: onde está escrito
alguém dizendo: eu te batizo em nome do Senhor Jesus Cristo? Ao que parece,
essas passagens de Atos não indicam uma fórmula batismal, e sim uma confissão
de fé para ser pronunciada por quem recebia o batismo.
A
única passagem de Atos sobre batismo onde uma frase é pronunciada é esta: “E
disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. “E, respondendo ele, disse:
Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E mandou parar o carro, e desceram
ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou.” Atos 8.37-38. Ou
seja, invocar o nome de Jesus no batismo parece ter sido uma profissão de fé
pra quem estava sendo batizado e não uma formula para ser dita pelo batizador.
No batismo de Paulo em Atos 22.16. Era Paulo quem deveria invocar o nome do
Senhor no batismo e não a pessoa que batizaria ele: “Levanta-te, e
batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor.” No ato
batismal estamos mostrando ao mundo que recebemos a Cristo e por ele fomos
justificados e perdoados. Sendo assim cabe a pessoa que está sendo batizada
invocar o nome de Jesus, pois somos justificados pelas nossas palavras e não
pelas palavras de outros: “Para que sejas justificado em tuas palavras,” Rm
3.4. Uma pessoa não pode confessar com sua boca no lugar de outra pessoa, isto
é um dever do convertido: “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo,” Rm
10.9. A documentação da igreja prova que usar a fórmula de Mt 28.19 não é
invenção da igreja romana, pois era praticada desde os primeiros anos da igreja.
Justino Mártir (100-165 d.C.); Taciano, o Sírio (120-180 d.C.); Irineu de Lyon
(130-200 d.C.); Tertuliano de Cartago (150-220 d.C.); Hipólito de Roma (170-235
d.C.); Orígenes (185-253 d.C.); Cipriano (morreu em 258 d.C.); Dionísio de
Alexandria (morreu em 265 d.C.); Vitorino de Pettau (morreu em 303 d.C.) e os
autores do Tratado Contra o Herege Novaciano e do Tratado Sobre o
Rebatismo.
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Ninho Jesen é Professor de História e
Membro da Igreja Evangélica Congregacional Família Viva.
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