Comunidade

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domingo, 11 de agosto de 2013

LIÇÃO 01 - DISCIPULADO - O ARREPENDIMENTO PARA A VIDA


INTRODUÇÃO

A doutrina do arrependimento é um ensino ausente em muitas Igrejas nos nossos dias. Temos ouvido sermões superficiais que diluem a idéia do pecado, oferecendo muito e exigindo pouco demais. O evangelho moderno tem pregado a necessidade de bens e prosperidade, mas não se tem ensinado uma mudança de mente, de pensamento.
O resultado é que temos visto “conversões” que não evidenciam na prática o fruto do arrependimento, ou seja, uma transformação, mudança radical de vida (2 Co 5.17; Mt 12.33).

A Confissão de Fé de Westminster declara: “Arrependimento para vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser proclamada por todo ministro do evangelho, tanto quanto a fé em Cristo” [1]
Essa deve ser a mensagem que deve ser pregada em todo o tempo e lugar, Lc 24.46-48.

O arrependimento é a primeira e uma das mais importantes verdades do novo testamento:
a) Foi o teor da mensagem de João Batista: Mc 1:4;
b) Foi mencionado na primeira mensagem de Cristo; Mc 1,14-15;
c) Jesus enviou seus discípulos a pregar e o que eles pregaram? Mc 6,12;

1. O QUE NÃO É ARREPENDIMENTO

1. Não é um mero pesar (remorso) pelo seu pecado
Algumas pessoas ficam muito tristes por causa das conseqüências de seus pecados, ou pelo fato de terem sido pegas. Muitas pessoas ficam tristes, não pelo que têm feito de errado, mas pela penalidade que recebem ao serem pegas, 2 Co 7.10.
O remorso oprime e mata. Foi o caso de Judas, Mat. 27.3-5. 

2. Não é uma mera tentativa de sermos pessoas boas
Muitas pessoas tentam com as suas próprias forças tornarem-se pessoas melhores e mudarem os seus estilos de vida. Todo esforço próprio traz consigo uma raiz de auto-justiça, que é algo que não reconhece a necessidade de arrependimento pelo pecado, Is 64.6.

3. Não é adquirir religiosidade
Os fariseus da Bíblia eram extremamente religiosos em seus comportamentos e práticas. Jejuavam, oravam e tinham muitas cerimônias religiosas. No entanto, nunca se arrependeram, Mt 3.7-10; Tg 2.19-20.

2. ARREPENDIMENTO – DEFINIÇÃO BIBLICO TEOLOGICA

         “Arrependimento para vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser proclamada por todo ministro do evangelho, tanto quanto a fé em Cristo”

Nesta simples definição lidamos com dois termos que são carregados de conceitos teológicos significativos.

a) Graça - A palavra “graça” indica o “favor imerecido de Deus; é o seu amor, que não merecemos.[2] É precisamente este conceito que está em voga quando a nossa Confissão define a doutrina do arrependimento, ou seja, ela mostra que o arrependimento que conduz à vida é uma ação graciosa e imerecida da parte de Deus para com o pecador. É precisamente isto que nos ensina a palavra de Deus em Atos 11.18.
         A implicação disso é que o arrependimento não é algo provocado por nós, mas Deus em seu favor imerecido nos dá de forma graciosa  o arrependimento para a vida, 2 Tm 2.24-25.
        
b) Evangélica - O arrependimento não é apenas uma graça ou um favor imerecido de Deus, mas é também uma graça manifestada pelo evangelho de Deus ou proveniente deste evangelho.
O vocábulo “evangelho” vem de um vocábulo grego que significa “boas novas”. Alguém já disse que esta palavra é “o resumo final de toda a mensagem cristã”, [3] Mc 1.1; 1 Co 15.1.
A mensagem de Deus provoca no homem este arrependimento necessário à vida, Rm 2.4.
A súmula disso tudo é o que o arrependimento é uma mudança de mente provocada pela graça de Deus através da simples e clara proclamação do evangelho de Cristo Jesus.

João, o batista, exclamou: “produzi, pois, frutos dignos de arrependimento”, Mt 3.8.
O apóstolo Paulo pregou: “praticando obras dignas de arrependimento”, At 26.19-20.
Berkhof definiu “os frutos e obras dignas de arrependimentos”, como sendo “a confissão do pecado e a reparação dos males praticados”, [4] Lc 19.8-10. 

3. ARREPENDIMENTO – ENVOLVE TODO O NOSSO SER

O Pr. John F. McArthur Jr [5]. diz que o arrependimento engloba o homem como um todo:

a) Engloba o homem intelectualmente, Mt 12.41; Lc 11.32
O arrependimento se inicia quando há reconhecimento do pecado. O homem desperta para a seriedade que seu pecado tem para-Deus. Há uma consciência de que as coisas não são como deveriam, e que algo está errado. Este é o primeiro estágio do arrependimento. É quando eu chego a compreender que algo está errado;

b) Engloba o homem emocionalmente, 2 Co 7.10; Jó 42.6
Uma pessoa pode até entristecer sem estar arrependida, como foi o caso de Judas (Mt 27.3-5),ou do moço rico (Mt 19.16-22). Entretanto, o genuíno arrependimento sempre vem acompanhado por tristeza (SI 51.17).

c) Engloba o homem volitivamente, Lc 15.17-20
A vontade do homem é afetada. John F. McArthur Jr. afirmou que “Onde não há mudança visível de conduta, não se pode confiar que haja ocorrido arrependimento”. Lembra-se do filho pródigo? Observamos no texto bíblico que ele “caiu em si”, compreendeu que algo estava errado, mas não ficou só nisso, “Levantou-se e foi”. Houve uma tomada de decisão. Não haverá arrependimento verdadeiro até que tenhamos feito algo a respeito do pecado. Não basta saber que é errado, ou ficar triste por ter pecado. O pecado precisa ser abandonado.
A implicação disso é que o arrependimento não é algo provocado por nós, mas Deus em seu favor imerecido nos dá de forma graciosa  o arrependimento para a vida, At 11.28

            Para Concluir:
Arrependimento é reconhecer que somos pecadores, abandonar o caminho do pecado e passar a viver o caminho do Evangelho de Jesus Cristo.  O arrependimento é a necessidade primeira para todos os que quiserem ser salvos por Jesus Cristo, pois sem arrependimento não há perdão e sem perdão não há salvação.[6]
O arrependimento é dado por Deus quando, ouvindo o Evangelho, cremos e aceitamos Cristo e seu sacrifício por nós.  Então, o Espírito Santo convence-nos do pecado, da justiça e do juízo, dando-nos a salvação em Cristo Jesus. O nosso entendimento, emoções e vontade são transformadas. Descobrimos então que já estamos salvos, pelas características novas que envolvem todo o nosso ser. 
O arrependimento ocorre no início para salvação e permanece em zelo para purificação.  O resultado do arrependimento é o perdão, a salvação e as bênçãos abundantes de Deus.

Estudo ministrado pelo
Prof. Antonio de Pádua




[1] HODGE, A. A. Confissão de Fé de Westminster Comentada. São Paulo: Editora Os Puritanos. 1999, p. 285.
[2] PACKER, J.I. Vocábulos de Deus. São Paulo: Editora Fiel, 2002, p.87.
[3] BARCLAY, William. Palavras Chaves do Novo Testamento – Volume I. São Paulo: Editora Vida Nova, 1985, p.69.
[4] BERKHOF, L. Manual de Doutrinas Cristãs. São Paulo: Luz Para o caminho, 1985, p.221.
[5] MARCARTHUR, JR., John. Sociedade sem Pecado – A Igreja aceita  o popular evangelho da auto-estima ou reconhece a terrível realidade do pecado segundo a Bíblia? São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2002, p.9
[6] PENTECOST, J. D. A Sã Doutrina. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 1994, p. 57.

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