INTRODUÇÃO
A
doutrina do arrependimento é um ensino ausente em muitas Igrejas nos nossos
dias. Temos ouvido sermões superficiais que diluem a idéia do pecado,
oferecendo muito e exigindo pouco demais. O evangelho moderno tem pregado a
necessidade de bens e prosperidade, mas não se tem ensinado uma mudança de
mente, de pensamento.
O
resultado é que temos visto “conversões” que não evidenciam na prática o fruto
do arrependimento, ou seja, uma transformação, mudança radical de vida (2 Co
5.17; Mt 12.33).
A
Confissão de Fé de Westminster declara: “Arrependimento
para vida é uma graça evangélica, doutrina esta que deve ser proclamada por
todo ministro do evangelho, tanto quanto a fé em Cristo” [1]
Essa
deve ser a mensagem que deve ser pregada em todo o tempo e lugar, Lc 24.46-48.
O
arrependimento é a primeira e uma das mais importantes verdades do novo
testamento:
a) Foi
o teor da mensagem de João Batista: Mc 1:4;
b) Foi
mencionado na primeira mensagem de Cristo; Mc 1,14-15;
c) Jesus
enviou seus discípulos a pregar e o que eles pregaram? Mc 6,12;
1. O QUE NÃO É ARREPENDIMENTO
1.
Não é um mero pesar (remorso) pelo seu pecado
Algumas pessoas ficam
muito tristes por causa das conseqüências de seus pecados, ou pelo fato de
terem sido pegas. Muitas pessoas ficam tristes, não pelo que têm feito de
errado, mas pela penalidade que recebem ao serem pegas, 2 Co 7.10.
O remorso oprime e
mata. Foi o caso de Judas, Mat. 27.3-5.
2.
Não é uma mera tentativa de sermos pessoas boas
Muitas
pessoas tentam com as suas próprias forças tornarem-se pessoas melhores e
mudarem os seus estilos de vida. Todo esforço próprio traz consigo uma raiz de
auto-justiça, que é algo que não reconhece a necessidade de arrependimento pelo
pecado, Is 64.6.
3.
Não é adquirir religiosidade
Os
fariseus da Bíblia eram extremamente religiosos em seus comportamentos e
práticas. Jejuavam, oravam e tinham muitas cerimônias religiosas. No entanto,
nunca se arrependeram, Mt 3.7-10; Tg 2.19-20.
2. ARREPENDIMENTO – DEFINIÇÃO BIBLICO TEOLOGICA
“Arrependimento para vida é uma graça evangélica,
doutrina esta que deve ser proclamada por todo ministro do evangelho, tanto
quanto a fé em Cristo”
Nesta
simples definição lidamos com dois termos que são carregados de conceitos
teológicos significativos.
a) Graça - A palavra “graça” indica o “favor
imerecido de Deus; é o seu amor, que não merecemos.” [2] É
precisamente este conceito que está em voga quando a nossa Confissão define a
doutrina do arrependimento, ou seja, ela mostra que o arrependimento que conduz
à vida é uma ação graciosa e imerecida da parte de Deus para com o pecador. É
precisamente isto que nos ensina a palavra de Deus em Atos 11.18.
A implicação disso é que o arrependimento não é algo provocado por nós, mas
Deus em seu favor imerecido nos dá de forma graciosa o arrependimento
para a vida, 2 Tm 2.24-25.
b) Evangélica - O arrependimento
não é apenas uma graça ou um favor imerecido de Deus, mas é também uma graça
manifestada pelo evangelho de Deus ou proveniente deste evangelho.
O
vocábulo “evangelho” vem de um vocábulo grego que significa “boas novas”.
Alguém já disse que esta palavra é “o
resumo final de toda a mensagem cristã”, [3] Mc
1.1; 1 Co 15.1.
A
mensagem de Deus provoca no homem este arrependimento necessário à vida, Rm
2.4.
A súmula
disso tudo é o que o arrependimento é uma mudança de mente provocada pela graça
de Deus através da simples e clara proclamação do evangelho de Cristo Jesus.
João, o
batista, exclamou: “produzi, pois, frutos
dignos de arrependimento”, Mt 3.8.
O
apóstolo Paulo pregou: “praticando obras
dignas de arrependimento”, At 26.19-20.
Berkhof
definiu “os frutos e obras dignas de arrependimentos”, como sendo “a
confissão do pecado e a reparação dos males praticados”, [4]
Lc 19.8-10.
3. ARREPENDIMENTO
– ENVOLVE TODO O NOSSO SER
O Pr.
John F. McArthur Jr [5].
diz que o arrependimento engloba o homem como um todo:
a)
Engloba o homem intelectualmente, Mt 12.41; Lc 11.32
O
arrependimento se inicia quando há reconhecimento do pecado. O homem desperta
para a seriedade que seu pecado tem para-Deus. Há uma consciência de que as
coisas não são como deveriam, e que algo está errado. Este é o primeiro estágio
do arrependimento. É quando eu chego a compreender que algo está errado;
b)
Engloba o homem emocionalmente, 2 Co 7.10; Jó 42.6
Uma
pessoa pode até entristecer sem estar arrependida, como foi o caso de Judas (Mt
27.3-5),ou do moço rico (Mt 19.16-22). Entretanto, o genuíno arrependimento
sempre vem acompanhado por tristeza (SI 51.17).
c)
Engloba o homem volitivamente, Lc 15.17-20
A
vontade do homem é afetada. John F. McArthur Jr. afirmou que “Onde não há mudança visível de conduta, não
se pode confiar que haja ocorrido arrependimento”. Lembra-se do filho
pródigo? Observamos no texto bíblico que ele “caiu em si”, compreendeu que algo
estava errado, mas não ficou só nisso, “Levantou-se e foi”. Houve uma tomada de
decisão. Não haverá arrependimento verdadeiro até que tenhamos feito algo a
respeito do pecado. Não basta saber que é errado, ou ficar triste por ter
pecado. O pecado precisa ser abandonado.
A
implicação disso é que o arrependimento não é algo provocado por nós, mas Deus
em seu favor imerecido nos dá de forma graciosa o arrependimento para a
vida, At 11.28
Para Concluir:
Arrependimento é
reconhecer que somos pecadores, abandonar o caminho do pecado e passar a viver
o caminho do Evangelho de Jesus Cristo. O arrependimento é a necessidade primeira
para todos os que quiserem ser salvos por Jesus Cristo, pois sem arrependimento
não há perdão e sem perdão não há salvação.[6]
O arrependimento é
dado por Deus quando, ouvindo o Evangelho, cremos e aceitamos Cristo e seu
sacrifício por nós. Então, o Espírito
Santo convence-nos do pecado, da justiça e do juízo, dando-nos a salvação em
Cristo Jesus. O nosso entendimento, emoções e vontade são transformadas.
Descobrimos então que já estamos salvos, pelas características novas que
envolvem todo o nosso ser.
O arrependimento
ocorre no início para salvação e permanece em zelo para purificação. O resultado do arrependimento é o perdão, a
salvação e as bênçãos abundantes de Deus.
Estudo ministrado pelo
Prof. Antonio de Pádua
[1] HODGE, A. A. Confissão de Fé de Westminster Comentada. São
Paulo: Editora Os Puritanos. 1999, p. 285.
[2] PACKER, J.I. Vocábulos
de Deus. São Paulo: Editora Fiel, 2002, p.87.
[3] BARCLAY, William. Palavras
Chaves do Novo Testamento – Volume I. São Paulo: Editora Vida Nova,
1985, p.69.
[4] BERKHOF, L. Manual de Doutrinas Cristãs. São Paulo: Luz Para o
caminho, 1985, p.221.
[5] MARCARTHUR, JR., John. Sociedade
sem Pecado – A Igreja aceita o popular evangelho da auto-estima ou
reconhece a terrível realidade do pecado segundo a Bíblia? São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2002, p.9
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